Poema do Amor Incondicional
Morre na praia da intenção
O amor incondicional
Que te soprava o coração.
Vives a urgência
De uma existência
E não viste ainda
Que já morremos todos.
E resta, destes cadáveres exangues,
Entregues aos cães e aos lobos,
Provar o doce amargo
Da putrefação.
É uma estrada.
E não temos mais do que o lado a lado.
Ficamos, súbito, sem paisagem, só o nada
Como recompensa para cada corpo tombado.
E a alma, dizes-me tu, do alto das tuas barbas brancas,
Da tua inconsciência de menino.
A alma, seja o que for,
Etérea, corpórea, achada ou perdida,
A alma, meu Deus,
Não pode ser a desculpa
De desperdiçar-se a vida!
Fui já.
E já não sou.
No meu lugar jaz outro.
Respira por entre a gente
Uma alma adiada
E um corpo morto.
jpv