Vinte e Sete


Lembras-te do dia em que te conheci? Era dia de São Martinho. Estavas com um fato de treino cor-de-rosa, com um boneco nas costas que encestava uma bola. A malta do nosso curso, da tua turma, foi jogar à bola contra os seminaristas. Perdemos. Depois fomos todos juntos no autocarro e falámos pela primeira vez. Meu Deus, a primeira vez que te falei foi na intimidade de um transporte público! E depois fomos em romaria para casa do Ramalheira. Como sempre. Castanhas assadas no fogão e vinho que eu levara da loja do meu pai. E voltámos a falar. Devia haver trinta pessoas à nossa volta. E a malta foi espairecer o vinho para as ruas de Coimbra, capas traçadas, bafo a desenhar figuras no frio da noite. Parámos na Portagem. Numa paragem de autocarro. Não íamos para lado nenhum. É que ali havia um banco. E conversámos. E começou nessa conversa este caminho de 27 anos. Vinte e sete anos. Já nem sei quanto tempo isso é...

Hoje, estamos aqui, onde as acácias florescem de rosa e encarnado e o verão chega no Natal, onde a terra é vermelha e as gentes sorriem por hábito. E não sei por onde ir. Não sei como ir. Sei que vou contigo e isso basta-me.

Parabéns, baixinha!

jpv
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Companhera por Patxi Andión

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