A Infância do Sorriso



A Infância do Sorriso

A minha língua
Na tua boca,
O desenho dos teus lábios
No meu desejo.
O movimento solitário
De um longo e húmido beijo,
Só meu.
Só eu.
Os meus olhos
No teu olhar incógnito,
Perdido, incerto e terno.
Uma visão quente e doce
No pico do inverno.

Esta impotência de ti.
Esta estrada de que fugi.
Este tempo que passou.
Uma ilusão que partiu,
Em manhã de sol,
E não voltou.

Só tu, eu e a terra
E os segredos
Que o tempo encerra
Na dor e na distância.
Nessa gloriosa e áurea
Infância
Do sentir.
Quando tudo era puro
E não carecia explicação.
Um sorriso,
Um olhar,
Uma mão pousada
Noutra mão.

E agora olho-te
E anoiteço.
És mais do que peço.
És a outra ponta da vida.
A quimera.
A oportunidade perdida.
Nem sei que sejas.
Nem sei que seja.
Mulher que brota vida,
Mas não me beija.
Para ti,
Não existo,
Não me reconheces ao passar.
Ah, se ao menos,
Teu coração pressentisse
O meu,
A pulsar!

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