Mostrar mensagens com a etiqueta Ausência. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ausência. Mostrar todas as mensagens

Filho

Filho

A minha mão

Na tua mão segura,
Não sei se te prende a mim
Ou se me prende a ti
Nessa sensação que perdura
Entre perder-te
E ter-te assim.

O meu peito

Ao teu peito entregue,
Não sei se bate o meu
Porque o teu quer
Ou se bate o teu
Porque o meu lhe empreste
A vida.

O meu olhar

No teu olhar preso,
Tem uma ânsia
E um fogo aceso
De libertar-te e reter-te.

Já foste.

Tinhas ido, já.
Estiveste cá,
Mas foste sempre de lá.
De onde a tua vida se faz,
De onde os demónios
Procuram a paz
E os anjos os atiçam com desejo.

Já foste.

E deixaste a tua presença
Forte.
E não há gume que corte
Este estares aqui,
Sempre.
Ausente do meu tato.
Presente no local certo e exato
De mim.

Sem ti

Não há universo
Nem motivo para que haja.

Morri já

E não sei.
Dei ao mundo a vida que dei
E resgatei a minha pobre
E atormentada alma
No momento em que te vi.
O primeiro,
E este último,
Ainda agora e aqui.

Gosto de ti

Cada vez mais
À medida que a vida se desenrola.
Seja a traçar sagaz teoria,
Seja a beber mais uma coca-cola.

E dói e sangra a tua liberdade

Em mim.
Esse sangue que precisa jorrar
Para que se realize
O homem
E eu possa, por fim,
Descansar na tua existência.
Ser pai não tem ciência,
Basta sofrer,
E ver-te crescer e partir,
E fingir
Que sou feliz com isso
E a espaços
Abraçar-te como se não houvesse amanhã.
Ser filho é bem mais difícil.
É a arte de navegar ancorado,
De partir amarrado
E nessa única
E singular partida
Reinventar toda a vida
E viver tudo de novo.

Gosto de ti
Cada vez mais
À medida que a vida se desenrola.
Seja a traçar sagaz teoria,
Seja a beber mais uma coca-cola.
jpv

Ausência


Ausência

Dois dedos de conversa
Entre conhecidos
De nós, estranhos
Um do outro.
Um olhar preso,
Um pensamento louco.
Dois corações perdidos
Sem uma só palavra
Pronunciada.
É fértil o verbo
Quando lavra
O campo da mente
E a semente
É a ideia
Onde tudo começa e acaba.
E uma mão
Abandonada, por momentos breves,
Na tua pele
E nas tuas vestes leves.
E nada mais
Foi preciso
Para atear o fogo ardente,
O pensamento flamejante
E o desejo incessante!
Quase te não vi
E já te despi lentamente
Com teu contributo e anuência!
É impressionante o poder
Que exerce em nós
A doce e inquieta ausência.
jpv

NetWorkedBlogs