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Crónicas de África - Chopela Cristã

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Crónicas de África - Chopela Cristã

Maputo, 28 de junho de 2013

A chopela é um meio de transporte caraterístico de Maputo e, sem dúvida, um dos mais usados. Mais barato do que um táxi e muitíssimo mais eficaz do que um chapa (Toyota Hiace com 20 pessoas lá dentro) porque não faz paragens. A chopela passa por cima de toda a folha, passeios incluídos, e lá segue, ruidosa, o seu caminho. Era suposto levar duas pessoas, mas já as vi com quatro e com considerável carga a bordo, sacos de farinha, carvão, etc. Os turistas adoram porque aquilo é típico e divertido. Um bocadinho como andar de carrossel. Uma vez entrei numa e o senhor levava ligado e a bombar música um sistema de som que devia valer mais do que a própria motoreta.

Uma coisa que marca a sua presença na cidade, são as máximas que se gravam na capota. Aquilo é como que uma espécie de princípio de vida do seu proprietário. Há de vários teores, mas, as mais frequentes são de índole religiosa.

Já vi "Lápis de Deus não tem borracha", já vi "Segue-me que eu vou bem", já vi "Eu conduzo, mas Deus guia", já vi "Não sou o maior mas sou o mais rápido", enfim, já vi de tudo um pouco, mas só ontem tive oportunidade de fotografar uma destas máximas impressas. Perdoa-se o acento mal colocado, até porque a invocação da Divindade a isso aconselha, mas, admitamos, se me calhasse andar nesta chopela, ficava, no mínimo, preocupado. Então um tipo entra ali na 24 de Julho, pretende ir até à Escola Portuguesa e, de repente, vê-se confrontado com a possibilidade de ir até à vida eterna? Eh pá, no que respeita a esses assuntos, eu sou como o outro: "A vida eterna pode esperar!"

PS: aquilo ali à frente não é um carro depois de um semáforo encarnado. É uma ilusão de ótica!
jpv

A Paixão de Madalena - Capítulo 10


A Paixão de Madalena

Livro II - O Cordeiro de Deus

10. Fora atribulada e longa, a caminhada. Viera Ele de salvá-la da morte arremessada em cada pedra. Um ou outro popular, talvez desses que pensam nunca ter pecado, ainda os perseguiu. Ele voltou-se para trás e fez-lhes um gesto veemente com o braço:
-Ide à vossa vida!
E foram.

Ela caminhava com a cabeça vergada pela vergonha, os olhos pregados no chão, as lágrimas de arrependimento lavando-lhe a face. Segura ao braço dele, tropeçou aqui e ali e abriu lenhos de sangue na carne dos pés. Ele tinha caminhado muito antes de encontrá-la e agora quase corria e, por isso, seus pés tinham terra pó e sangue seco de pequenas feridas. Entraram em casa dela. A mulher correu a todas a janelas a tapá-las com tecidos, restou uma luz trémula, um raio de sol cortando a escuridão e deixando ver o bailado do pó à sua volta.

A casa estava na penumbra. Alguém bateu à porta, mas não foi ouvido. A mulher puxou um pequeno banco de madeira e convidou-o a sentar-se. Foi buscar um alguidar com água a uma bilha e um pano limpo. Era um líquido precioso. Normalmente não se usava a primeira água para lavar os pés. Mas aquele era um convidado diferente. Não vinha pelos mesmos motivos dos outros. Acabara de salvá-la. Era Ele. Molhou o pano e espremeu-o. Começou por limpar-lhe a face, depois o pescoço, voltou a mergulhar o pano na água, lavou-o, espremeu-o e levou-o aos pés dele e lavou-lhos com movimentos cuidados envoltos em dedicação e admiração.

Está Ele sentado no banco. Está ela ajoelhada à sua frente lavando-lhe os pés. Segura-lhe um de cada vez, mergulha-os na água e depois fá-los emergir do alguidar e acaricia-os com o pano antes humedecido, limpa-lhos da terra e do sangue seco. Nunca olha para cima. Não se atreve. Mantém-se prostrada perante o Senhor. Quando termina, , ergue-lhe os pés lavados e limpos e beija-os.
-Porque me beijas os pés?
-Porque sois quem sois…
-Sou um pecador como todos os outros.
-Não sois como todos os outros.
-Sou sim. Sou mesmo mais pecadores do que eles.
-Senhor…
-Ouve… eu conheço o caminho da salvação, a minha missão era simples, bastava que vos ensinasse esse caminho, que vos levasse a segui-lo ou desse a minha vida por vós. Verás, dentro de pouco tempo, que terei de morrer por vós pois não consegui ensinar-vos o caminho da salvação.
-Ensinai-me esse caminho, Senhor, e eu o gravarei em meu coração. Eu o aprenderei, Senhor.
-Sim. Ensinarei. Sim. Aprenderás.
-Qual é o caminho, Senhor, dizei-me, eu vos suplico.
-O único caminho para a salvação, Maria de Magdala, o único capaz de vos redimir de todas as faltas, é o Amor.
-Eu vos amo, Senhor.
-Eu sei, Maria de Magdala, mas não basta que me ameis. Amai-vos uns aos outros.

E dizendo isto, o Senhor se levantou, o Senhor ergueu Maria de Magdala e a sentou no pequeno banco de madeira, o Senhor puxou o alguidar com a água e pano para junto de si e se prostrou diante da mulher que acabara de aprender a suprema lição. E com gestos lentos e cuidados, o Senhor lhe lavou as lágrimas desenhadas na face e os pés das feridas e do pó e tendo terminado o Senhor lhos ergueu e os beijou.

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