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Uma Mão Negra Numa Mão Branca


As Cores da Capulana

Uma Mão Negra Numa Mão Branca

Uma mão negra
Numa mão branca,
Umas calças
E uma camisa...
Pouco mais
Um homem precisa.

Uma mão negra
Numa mão branca,
Uma saia
E uma blusa...
Pouco mais
Uma mulher usa.

Uma mão negra
Numa mão branca,
Uma conversa arrolhada,
Uma carícia,
Um beijo na testa
E outra frase namorada.

Uma mão negra
Numa mão branca,
Um caderno
Debaixo do braço
E outro caderno
Debaixo do braço.
Um peito inflamado
Um olhar brotando ternura...
Entre a mão negra
E a branca mão
Há uma nascente da coisa mais pura.

Uma mão negra
Numa mão branca.

jpv

Menino de Rua


As Cores da Capulana

Menino de Rua

Menino de rua,
De pé no chão,
Mão estendida
E alma nua...
Que vontade
É a tua?
Que história
Por contar?
Que destino
Por cumprir?
Que amores
Por amar?
Que fugas
Por fugir?

Menino de rua,
De alma nua...
Um homem por perto,
Um sorriso aberto,
E no olhar,
Sempre a mesma
Dança
Do desespero
E da esperança.

Mão estendida
À procura de vida.
Uma vida
Maior do que tu,
Menino de rua,
De corpo semi nu
E olhar terno,
Menino de rua,
Filho do tempo moderno,
Que vontade
É a tua?
Que reflexo
Tem na gente
A tua alma nua?

Filho do povo,
Órfão do ritmo novo,
Vagueias com o pé
No chão
E o vazio na mão.

Estendida.

Que homem
Nascerá no teu corpo
Semi nu?
Que responsabilidade
Terás tu?
Como agarrarás
A vida,
Se a tua mão
Estava estendida
E o teu olhar
Concentrado
Nesse homem por perto
Que não viu
A floresta no teu olhar
E plantou um deserto?

Menino de rua,
De alma nua,
Que vontade
Será a tua?
jpv
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Tento na TV - Arregaçar o Quê?


Arregaçar o Quê?

"Temos de arregaçar as mãos..."

2 de março
Entrevistado à RTP Informação
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Então? Depois sobram-te mangas!

Dar as Mãos

[Como já se suspeitava, confirma-se a existência da doença das vacas loucas também nos E.U.A. Atinge um ponto alto a discussão nos media acerca dos reality shows. Saddam Hussein é capturado e feito prisioneiro.

[Data da primeira publicação: 26 de Dezembro de 2003]

Dar as Mãos
Querida mana,

Aqui sentado, confortável, de lume crepitando conforto, de família conversando aconchego, lembro, num relâmpago que me atravessa a memória, os Natais todos, todos os risos, as vozes todas altercadas, todas as vontades em uníssono e… todas as mãos todas. O pai apertava as mãos com a franqueza e a força de quem se entrega de cara e coração abertos, era uma força que, parece, ainda se sente. O avô abraçava como quem tem tudo para dar mesmo que fosse pouco. O tio Toneca apertava-nos as mãos com as duas mãos, a enchê-las como que a querer sentir-nos melhor. As mãos da mãe eram quentinhas e macias como são as mãos de todas as mães para os filhos todos. A avó não tinha mãos a medir que lhe não cabia nelas tudo o que sentia, tudo o que queria para os seus. A tia Geralda vivia o nosso Natal como se fosse o dela. Era um dar, um adivinhar os nossos pequenos grandes anseios só para fazer feliz a pequenada. De todas as particularidades recordo, sobretudo, o afazer das mãos, os gestos pequenos e os grandes, a forma com se abriam, cerravam, a forma como recebiam e se entregavam e, sorte a nossa, como, sempre prontas, davam.

E foi neste crescer que crescemos, foi neste amor que amámos. E fica-nos, agora, a responsabilidade de continuar as coisas simples como se fossem as mais importantes, as coisas rápidas como se fossem as mais demoradas, de trocar os olhares, de orientar as mãos e o que fazemos com elas. Sabes mana, creio bem que a importância dos nossos gestos não é solteira. É sempre o casamento do que eles representam para nós com o que significam para os outros. A bem dizer, os nossos gestos, de facto, não são nossos. Partem de nós, crescem nas intenções que lhes emprestamos, evoluem na capacidade que temos para os empreender e depois soltam-se do que queríamos com eles e vivem na forma como os outros os observam, como os interpretam e, inapelavelmente, nos juízos que formulam sobre eles e sobre nós enquanto seus autores. Verdade é que a forma como pensamos o mundo é muito umbilical, palavra simpática e suficientemente hábil para iludir o egoísmo, e assim pensamos que agimos de nós para nós. Mas não. Agimos de nós sempre para os outros até não sabermos onde. É por isso que, em tempos de Natal, julgo importante lembrar que o importante é dar as mãos. Gesto simples e ancestral que, dizem, começou no hábito antigo de mostrar as mãos livres de armas em sinal de paz e não agressão, clarificar de intenções, aproximação, aperto das mesmas e, para os mais entusiastas, o abraço, esse aperto de mão com o corpo todo.

Venho, por isso dar as mãos contigo, começar uma corrente humana que desejo continue nas famílias todas e em todos os lares. Simples e eficaz, de mim para ti, para o mundo, hoje, para sempre. O gesto dos gestos, o exemplo. O educar os pequenos de hoje a dar as mãos amanhã, como fizeram connosco na idade embrionária do homem que hoje te escreve para dar-te as mãos. Sem querer roubar ao verdadeiro autor destas palavras o jogo metafórico que elas implicam eu diria que esta é a altura de pormos “a mão na mão”.

Um beijo de mão dada

Mano.

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