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Manhã Serena


Manhã Serena

Manhã serena,
De sons raros.
Um homem que passa,
Uma mesa que se arrasta,
Um ardina agachado
Separando jornais.
A brisa corre,
Tranquila,
E há pouco mais.
Nem era preciso...
Todo o oiro
É conciso
E parece pouco.

A frescura verde
Do momento inaugural,
Manhã imaculada
Sem espaço para o mal.

Manhã serena,
De sons raros.
Um homem que passa,
Sentimentos caros.
Um aroma de café,
Um passarinho a debicar,
Uma mulher a caminho da Fé,
Um canto de ave corta o ar.

Manhã serena,
De sons raros.
E ergue-se a pena...
Mas, ó poetisa,
Não tenho teu mármore de Paros,
Nem guardo teus contidos beijos.
A mim,
Afloram e irrompem
Os desejos
Rudes e brutais,
Jactante palavra,
Vigoroso gesto,
Que não se contém jamais.
Quanto ao resto...
Palavras
E pouco mais.

E a urgência
De um barco
No teu corpo
Desenhando o arco
do prazer.
Mais que isso
É morrer!

É agora suprema,
A manhã,
Já se foi a tranquilidade
Regressou o ruído e o afã
Às veias da grande cidade.
A ela me entrego
E já não nego
O furor e o frenesim.
Na grande cidade,
Emerge a manhã inaugural,
Princípio de todo o fim.


jpv
Maputo, Março de 2014

As Cores da Capulana - Amanhecer Índico



Amanhecer Índico

É um mar cinzento
Como o céu.
Uma linha definida
E distante.
Uma capulana ao vento
Ondulante,
Enquanto ela passa.
E uma outra com sacos à cabeça,
Sua sorte e sua desgraça.
E são umas pessoas lá longe,
Mar adentro,
Saudando a Deusa,
Banhando-se de sal e água
Como se aspergissem a vida
Aquém da tal linha definida.
São três aves rasando a água
Marinha.
É uma senhora de mala e bem vestida
Que caminha sozinha
Enquanto Deus a espera na igreja.
E é um homem de turbante,
Passo rápido e certo,
Desaparece num instante.
E é uma mulher vestida de desporto
Que passa correndo com sua cadela.
Uma leva música nos ouvidos,
E a outra, no pescoço, a trela.
E é um cão galgando as ondas
De felicidade,
Vai para a água entusiasmado
E volta carregado de verdade,
O amor incondicional,
Por seu dono amado.
E é um madeiro enterrado
Na areia,
Raiz antiga e secular
Onde os namorados
Se vêm sentar.
E há este mar
Sossegado e quente,
Pano de fundo da vida da gente.
E há estas palavras
Com que me debato e luto,
Junto à areia cúmplice
Da baía de Maputo.
jpv

Crónicas de África - Meio Dia às Dez


Meio Dia às Dez

Maputo, 17 de setembro de 2012

À hora em que vos escrevo são exatamente dez da manhã e já vivi meio dia de trabalho. Levantámos às seis o que não foi particularmente cedo. Duche, vestir e pequeno-almoço. Caminhada no bairro da Polana, avenida Eduardo Mondlane e Armando Tivane e, salvo erro, 24 de Julho. Comprei 200 meticais de telefone numa esquina, 3 pães e uma água.

A cidade estava fresca e havia aquele movimento do despontar, mas às sete já tudo estava aberto e a funcionar. Cheguei um pouco antes das oito à residencial e tenho estado a estudar e a preparar aulas! Agora vou ver uma possível casa para arrendar e depois... escola: meu Deus, que saudades eu tinha da escola!

Até já!
jpv

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