Corre louco

Corre louco e fugidio
Por ruas estreitas,
Fintando o casario
E levantando as saias às mulheres descuidadas.

Deixa para trás,
Em rodopio,
A cabeça dos homens
E o sussurrar do mulherio.
E foge, louco, às perseguições,
Sem querer saber de amizades,
Amores ou paixões.

Há no seu passar
Um pressentir de vertigem,
Uma alegria, Um medo,
Um arrepio!

Corre e passa e há quem o veja,
ou jure que o viu,
Mas não se avista nunca de onde partiu.

E segue indeferente
À vida e à morte,
Às mães e aos pais,
Aos filhos e às filhas,
percorre as terras todas,
As montanhas, os vales
E as ilhas!

E não há notícia da sua captura,
Nem em frasco, nem em saco,
Nem em câmara escura.

Quem o vir,
Deixe-o passar.
Deixe-o ir.
E recolha a lição
Que a missão
Do Tempo
É fugir!

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