"Com Amor," - Documento 83



Meu Amor Querido, Meu Doce Eduardo, Meu Porto Seguro,

Achei quase um milagre ter-te encontrado e achei, isso sim, um perfeito milagre que nos entendêssemos tão bem. Uma tão preciosa harmonia parecia-me frágil, no início, mas depois fortaleceu-se e à medida que o tempo foi passando, eu fui acreditando cada vez mais nesse nosso cantinho de estar bem a que carinhosamente chamas de arrolhar de pombos.

Por vezes temia pela durabilidade deste nosso entendimento e tentava imaginar por onde poderia nascer um conflito. Fazia isto para nos defender, para poder antecipá-lo e evitá-lo.

Tenho conseguido. Temos conseguido. Mas fui surpreendida. Fomos surpreendidos.

Estes dias em que estivemos um pouco mais ausentes um do outro, criaram um certo distanciamento que me permitiu ver com mais clareza. E fiquei tranquila. Já reparaste que as razões do nosso desentendimento não nascem em nós, não provêm dos nossos actos directos? O motivo mais recente tem a ver com a forma como lidaste com o meu mais velho e esse problema, sejamos honestos, está relacionado com a forma como a tua filha encarou o nosso relacionamento desde o início. Com certo cepticismo e até alguma desaprovação. Acho que precisamos de dar-lhes espaço e tempo e acho que precisamos de ser serenos e crescidos e encarar com naturalidade as atitudes dos nossos filhos.

Resolvi escrever-te porque te quero muito e não gostaria que um problema paralelo tivesse o poder de inquinar a nossa relação.

Tua.
Sempre tua.

Verónica

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