Olá Zé Pedro,
Uma vez ouvi na
televisão alguém dizer que as pessoas não procuram relações, procuram outras
pessoas. Não podia estar mais de acordo.
Este mail pode ser
considerado, por ti, como um atrevimento ou, simplesmente, como o próximo passo
das nossas vidas. Desta vez, um passo cuja iniciativa é minha, tem de ser
minha.
Tu és a minha
pessoa, Zé Pedro. e essa é a minha verdadeira e
primeira razão para escrever-te esta mensagem, para dar este passo na tua
direcção.
Há pouco mais de um
ano fizeste-me uma proposta de vida e eu assustei-me. Hoje, sei que esse susto
se deveu a eu estar muito habituada a viver comigo mesma, a ser responsável
pela minha vida e pela do meu filho e, de repente, fui confrontada com o facto
de ter de abdicar dessa liberdade e nem me apercebi que isso poderia significar
somente a vida em partilha.
Entretanto, por
circunstâncias que não vou explorar, pude conhecer outras pessoas, outras
formas de estar, e percebi que, por mais extraordinárias que as pessoas sejam,
por mais sensíveis e apaixonadas que pareçam ou, efectivamente, sejam, elas só
poderão entrar na nossa vida se nos deixarem entrar na delas e isso implica
fazer concessões e cedências. Estarem disponíveis para nós e aceitarem a nossa
disponibilidade. Tu estás, Zé Pedro, mais ninguém. E acho que a isso pode
chamar-se amor. Eu venho dizer-te que estou disponível para ti também, se ainda
me quiseres.
Quando te sugeri
que fizéssemos uma pausa no nosso relacionamento, foi para percebê-lo
à distância e "por fora". Foi para ver como nos imaginava juntos,
como um casal, sem estar envolvida no projecto.
Já não preciso de
mais tempo, Zé Pedro, e só espero ainda ir a tempo de encontrar as portas do
teu coração abertas para mim.
O que eu vi "à
distância" foi um homem disposto a construir o seu quotidiano comigo.
Conquistas, partilhas, problemas e tudo, tudo incluído. E a vida a dois não
pode ser senão dessa forma. Hoje, até me pergunto como pude hesitar... acontece
que os homens e as mulheres duvidam. E só porque duvidam, conquistam certezas.
Hoje tenho a certeza de que é contigo que quero viver a vida, partilhar os
dias, educar os nossos filhos, o meu rapaz e a tua menina.
Não sei se isto é
uma declaração de amor, mas sei que é uma honesta e profunda declaração de
intenções. Claro que há aspectos que teremos de debater porque não estamos de
acordo, mas façamos dessa discussão clara e sincera o nosso principal
património.
Estou magoada com a
vida. Mas não me importo. Talvez precisasse viver a experiência da mágoa para
te valorizar, para nos valorizar o suficiente e nos assumir.
Um beijo terno,
pleno de saudade.
Com Amor,
Tânia.