"Com Amor," - Documento 95


Olá Zé Pedro,

Uma vez ouvi na televisão alguém dizer que as pessoas não procuram relações, procuram outras pessoas. Não podia estar mais de acordo.

Este mail pode ser considerado, por ti, como um atrevimento ou, simplesmente, como o próximo passo das nossas vidas. Desta vez, um passo cuja iniciativa é minha, tem de ser minha.

Tu és a minha pessoa, Zé Pedro. e essa é a minha verdadeira e primeira razão para escrever-te esta mensagem, para dar este passo na tua direcção.

Há pouco mais de um ano fizeste-me uma proposta de vida e eu assustei-me. Hoje, sei que esse susto se deveu a eu estar muito habituada a viver comigo mesma, a ser responsável pela minha vida e pela do meu filho e, de repente, fui confrontada com o facto de ter de abdicar dessa liberdade e nem me apercebi que isso poderia significar somente a vida em partilha.

Entretanto, por circunstâncias que não vou explorar, pude conhecer outras pessoas, outras formas de estar, e percebi que, por mais extraordinárias que as pessoas sejam, por mais sensíveis e apaixonadas que pareçam ou, efectivamente, sejam, elas só poderão entrar na nossa vida se nos deixarem entrar na delas e isso implica fazer concessões e cedências. Estarem disponíveis para nós e aceitarem a nossa disponibilidade. Tu estás, Zé Pedro, mais ninguém. E acho que a isso pode chamar-se amor. Eu venho dizer-te que estou disponível para ti também, se ainda me quiseres.

Quando te sugeri que fizéssemos uma pausa no nosso relacionamento, foi para percebê-lo à distância e "por fora". Foi para ver como nos imaginava juntos, como um casal, sem estar envolvida no projecto.

Já não preciso de mais tempo, Zé Pedro, e só espero ainda ir a tempo de encontrar as portas do teu coração abertas para mim.

O que eu vi "à distância" foi um homem disposto a construir o seu quotidiano comigo. Conquistas, partilhas, problemas e tudo, tudo incluído. E a vida a dois não pode ser senão dessa forma. Hoje, até me pergunto como pude hesitar... acontece que os homens e as mulheres duvidam. E só porque duvidam, conquistam certezas. Hoje tenho a certeza de que é contigo que quero viver a vida, partilhar os dias, educar os nossos filhos, o meu rapaz e a tua menina.

Não sei se isto é uma declaração de amor, mas sei que é uma honesta e profunda declaração de intenções. Claro que há aspectos que teremos de debater porque não estamos de acordo, mas façamos dessa discussão clara e sincera o nosso principal património.

Estou magoada com a vida. Mas não me importo. Talvez precisasse viver a experiência da mágoa para te valorizar, para nos valorizar o suficiente e nos assumir.

Um beijo terno, pleno de saudade.

Com Amor,

Tânia.

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