Crónicas de Maledicência - O Lugar de Abril


Crónicas de Maledicência - O Lugar de Abril


A Associação 25 de Abril, Mário Soares, Manuel Alegre e os representantes do Exército anunciaram que ponderam não participar nas cerimónias oficiais do 25 de Abril. Nada mais errado. Todas as formas são formas de participação, menos não participar. Se os seus argumentos são válidos, se, efetivamente, os valores de Abril estão a ser desbaratados, se o Estado Social está a ser destruído, se o país está a ser vendido, então, não só não se justifica a sua ausência, como se impõe a sua presença. Não tenho dúvidas, caros leitores, de que, a serem válidos os seus argumentos, não é cedendo espaço de ação, não é abdicando da sua presença que estes elementos marcarão posição.

Não sei o que está a acontecer a Abril. O momento é demasiado conturbado e confuso, mas sei que o quotidiano dos portugueses é cada vez mais difícil, sei que muitas das coisas por que os nossos pais se bateram, se sacrificaram e alguns morreram, estão a ser desperdiçadas. Este Portugal, não é o Portugal de Abril, mas Abril fez-se com coragem, com presença, com a palavra dita e não com a palavra escondida. Se os seus argumentos são sólidos, então, o que há a fazer é reconquistar o espaço e não dá-lo de mão beijada.

Sim, o 25 de Abril tem de viver, antes de mais, em cada um de nós, mas é também um fenómeno de consciência coletiva, representa a vontade de um povo e o povo somos nós em conjunto e cada um na sua individualidade. Hoje, as figuras que fizeram Abril recusam-se a participar nas cerimónias. Amanhã as comemorações são suspensas por falta de verba.

Meus senhores, vós, que nos destes Abril, deixai-vos de tretas e assumi os vossos lugares, aqueles onde mais ninguém pode pontuar por inerência da vida que foi vivida.

Tenho dito.
jpv

NetWorkedBlogs