Portugal


Portugal

É um país de mar e de flores.
É uma terra semeada.
São colinas onde se cantam amores.
São quilómetros na ponta de uma enxada.
São festas e rituais
E é um folclore colorido.
São feiras e são estendais
E é um barco, no mar, perdido.
É gente dobrada ao sol
De coluna bem erguida.
São homens defendendo a prole
Na ponta da palavra proferida.
São poetas e são canções,
É a Amália e é um fado.
São ideais e revoluções
Imortalizados num trinado.
É uma ideia peregrina
Germinando na coragem e na vontade.
Nasceu e é menina,
O povo chama-lhe Liberdade.
São reis e tradições,
Mesas postas e bom vinho.
É o mar, em estrondo, aos repelões,
Fustigando um farol sozinho.
São miúdos a jogar à bola,
Uma conversa, uma anedota, uma graçola.
E é um sorriso numa criança,
E é um povo em crise de confiança.
São conquistas e aventuras memoráveis,
O mundo inteiro em histórias inolvidáveis.
São naus sulcando o oceano
Numa melodia de glória e pranto.
É um romance,
É um manifesto realista.
É a tecnologia de ponta
À sombra duma caravela quinhentista.
É um golo no último minuto,
Um lance cortado em cima da linha,
É uma bola nos pés de um puto,
Numa jogada que se adivinha...
E é uma estrada aberta,
Um caminho por percorrer.
É uma praia deserta
Onde as ondas vêm morrer.
Foram glórias
E são glórias.
Foram histórias
E são memórias.
É um mês, é Abril,
Uma revolução sem morte nem sangue.
São canhões e é um fuzil
Nas mãos de um povo cansado e exangue.
É uma gente triste e feliz,
Um paradoxo de morte e de vida.
É uma terra, é um país.
Foi uma promessa cumprida.
Tocam sinos, anunciam perigo.
Corre um rumor sinistro e fatal.
Acorda! Povo adormecido!
Hoje é preciso morrer por Portugal!
jpv

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