Muito Obrigado!


É sabido que, neste espaço, por regra minha, não escrevo acerca do meu trabalho nem das pessoas que partilham essa vivência comigo. Faço questão de separar o ambiente profissional daquilo que é a minha realização pela escrita em Mails para a minha Irmã. Só quebraria esta regra por razões muito excecionais e, em todo o caso, com palavras que expusessem pouco as pessoas e o próprio ambiente.

Hoje, abro uma dessas exceções. Ao contrário do que noticiaram quando aceitei este trabalho, não vim para um alto cargo nos corredores do poder. Vim para um cargo de uma tremenda responsabilidade e num regime de trabalho extenuante exercido em corredores, e salas, acrescente-se, onde estão trabalhadores extraordinários, pessoas dedicadas e diligentes que, todos os dias, dão o seu melhor sem limitações.

Ora, este breve texto é sobre essas pessoas e, na sua essência, é-lhes dirigido.

Caros colegas e amigos,
No passado dia 27, anteontem, portanto, vocês surpreenderam-me e comoveram-me. Fiquei quase sem palavras e as que saíram foram atabalhoadas. Ainda agora sou acometido por ondas de emoção em refluxo e por um incomensurável sentimento de gratidão.

Encontrei em vós profissionais dedicados, empenhados em resolver problemas, com espírito crítico, participativo, com sentido de equipa, de compromisso, de cumprimento do dever e de Serviço Público. E, além disso, encontrei pessoas com uma fantástica dimensão humana, dotadas de solidariedade e prontas a colaborar comigo, a aceitar-me, a acolher-me, mesmo sem me conhecerem de quase lado nenhum.

E cresceu em nós e connosco o espírito de grupo, a coesão, a partilha, a autonomia responsável e responsabilizada. E prestámos contas aos outros, mas, sobretudo, a nós próprios. E trabalhámos, meu Deus, como trabalhámos. E resolvemos tantos problemas! E passámos por tanta coisa complexa que atacámos sempre com convicção e empenho e, em abono da verdade, com firmeza, tranquilidade e um sorriso, uma saudação calorosa pela manhã. Sempre.

Tive de vós tudo o que um líder pode desejar. Disponibilidade absoluta, sentido pragmático face aos problemas, mesmo os mais difíceis, competência científica e técnica e, como disse, sentido de cumprimento do dever. Deram-me o vosso tempo, a vossa opinião, concordaram e discordaram, mas partilharam sempre, cooperaram sempre e sempre se mostraram disponíveis para qualquer desafio, qualquer tarefa. Ora, com pessoas assim é fácil ser líder. É fácil ser bem sucedido porquanto as pessoas que colaboram connosco garantem pelo seu profissionalismo e pela sua competência o sucesso dessa liderança. E, em acréscimo, deram-me, ainda, a compreensão e a solidariedade que emanam da vossa inestimável vertente humana. Essa quase invisível componente, essa cola do quotidiano, sem a qual tudo arrisca perder-se.

E o que me ensinaram?!  Ora de forma mais explícita, ora mais subtil, consoante as situações, passaram-me o conhecimento das matérias e como lidar com elas, os procedimentos, a visão interna e externa da instituição. Até me ensinaram a conhecer-me melhor a mim próprio.

Dei-vos pouco. Pretendi poucas coisas. Manter claro e visível para todos o nosso rumo, coordenar a nossa ação e estar presente. Se algo posso dizer em causa própria é o facto de ter estado sempre convosco, de ter partilhado o nosso rumo com transparência e honestidade. E de ter procurado, pela proximidade, que não perdêssemos a essencial coesão.

É preciso agradecer-vos por cada dia, cada hora, cada minuto dos últimos dezoito meses. É preciso agradecer-vos por cada ensinamento, cada partilha, cada palavra amiga, cada olhar. É preciso agradecer-vos pela vossa generosidade. É preciso agradecer-vos, sobretudo, pelos sólidos laços de amizade que construístes comigo. Não só não tenho qualquer arrependimento, como sinto um orgulho enorme pelo tempo que passámos juntos, pelo caminho que trilhámos em conjunto, por cada revés e por cada sucesso.

Eu acho que as pessoas gastam pouco tempo com as pessoas, dizem poucas vezes por favor e obrigado. Sinto isto de tal forma que fiz questão de nunca me esquecer de pedir o que quer que fosse por favor e de agradecer por tudo. Desde as coisas mais significativas às mais simples e banais. E foi por essa razão que, em coerência, converti a expressão de agradecimento numa forma de saudação e assinatura dos meus textos, mesmo em ambientes formais. E é por isso que, penso, não ides estranhar a forma como hoje me despeço nestas linhas sendo que este é o agradecimento dos agradecimentos.

Muito Obrigado!

À consideração superior,
João Paulo Videira

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