ErotiKa - A Outra Vez


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jpv
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A Outra Vez

Ele está sentado de frente para o computador, a secretária está desarrumada, ou melhor, há muito que a tentativa de a arrumar deixou de ser viável. Ele olha o monitor com atenção e vai fazendo pequenos e sucessivos cliques na folha de cálculo. Não está neste mundo. Nem se apercebe de que os três colegas da sala já chegaram, já se levantaram para vários cafés e voltaram a chegar. Coabitam um espaço amplo e cada um deles tem umas paredes portáteis à volta da secretária sobre as quais costumam espreitar. É uma forma de ter privacidade não a tendo. Trabalham com ele um colega e duas colegas. Uma delas, a mais introvertida, moça sossegada e envergonhada, de não dirigir a palavra a ninguém a menos que lha peçam, de ruborizar à menor brincadeira, chegou-se ao pé dele, por trás, colocou-lhe as mãos nos ombros e iniciou uma massagem. Ele começou por sobressaltar-se, mas de imediato lhe reconheceu o perfume e o odor da pele. Deixou-se ficar. Mas soube que algo diferente estava para acontecer. Ela não era aquele tipo de pessoa, a rapariga que massaja os ombros dos colegas. Nos próximos minutos, ele teria uma confirmação e uma surpresa. A confirmação de que seria um dia diferente. A surpresa total em relação a uma mulher que ele não sabia que habitava na mente e no corpo daquela colega. Ela continuou a massagem por uns segundos. Depois, deixou escorregar uma mão pelo corpo dele e só a parou entre as pernas. Segurou com firmeza o que havia para segurar e perguntou:
- Vamos fazer meninos?


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Nem conseguiu reagir. Não sabia como. Foi conservador:
- Sabes que sou casado...
- A maioria dos homens que me satisfez eram-no!
- E porquê eu?
- Porque passei a vida a ouvir dizer que a dos pretos é maior e nunca pude confirmar pessoalmente.
- Uma correção e um mito. Correção: talvez queiras dizer negros. Mito: Não a maior. Talvez nós sejamos mais generosos, não sei, nunca comparei, mas, em todo o caso, não achas que te estás a precipitar?
- Em que mundo vives tu? Trabalhamos juntos há dois anos e nunca te tinha... feito uma massagem.
- Não estava a falar do tempo que passámos no escritório... 
- Sim, pá, eu sei do que estavas a falar... a abordagem assustou o menino. Olha, desculpa e esquece que aconteceu... 
- OK... mas, diz-me, tu tinhas ao menos um plano?
- Tás parvo? A vida está cheia de grelhas e mapas e exceis como esse que tens na frente... ia só seguir o curso natural do desejo e improvisar. 
E quando percebera que era tempo de retirar, a vida trouxe-lhe, a ela, uma surpresa. Já se afastava dele e ouviu a sua voz quente e modulada:
- Almoçamos?
- Almoçamos!

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O almoço foi tenso. Percebia-se, entre ambos, que não era o almoço que interessava, era aquilo em que ele poderia resultar. Percebia-se a antecipação nos seus olhares, o peso do silêncio e a incerteza nas palavras proferidas. Era um homem alto, face serena e um olhar tranquilo. Trazia na pele o tom dos antepassados africanos, deslocava-se em passadas largas e determinadas. Ela, por sua vez, era alva, ruiva, com os braços fininhos como varas, o olhar tímido e simultaneamente ávido. Os lábios finos, bem desenhados, num rosto elegante. Fazia gestos pequenos e pressurosos. Corava com facilidade e tinha uma voz quase aguda que contrastava com a gravidade do tom dele. Ela dava-lhe pouco mais do que pela cintura e, contudo, lado a lado, ficam desiguais mas harmoniosos.
- Vamos ali ao Centro Comercial. Há lá uma loja de roupas onde está uma peça que não posso deixar escapar...
- Vocês, mulheres! Não quero parecer machista, mas não era melhor descansares na hora de almoço? Tens mesmo de ir às compras?
- Não são compras. É compra. Só uma.
Caminharam. Ela tinha de dar dois passos por cada passada dele e faziam um efeito esquisito. Ele ia tranquilo, ela ia quase a correr, mas mantinham-se lado a lado. Entraram. Passaram a secção dos perfumes, subiram as escadas rolantes e, no piso de roupa para senhora, ela pegou numa peça perfeitamente ao acaso, quase não olhou para ela, agarrou-lhe numa mão, Anda, vamos, e entrou num provador, puxou-o também para dentro, fechou a porta e pendurou-se-lhe no pescoço.

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- Tu, hoje, estás irreconhecível... apressada, enérgica, resoluta... nem pareces tu!
- Como posso estar irreconhecível se não me conheces?
- Safada!
- Safado!
E beijou-o longamente esticada para ele que se curvou para lhe devolver o beijo. E estiveram entregando-se àquela inusitada carícia enquanto a emoção cresceu, as libidos despertaram todas, o entusiasmo manifestou-se e as mãos dela voaram para o cinto dele, o fecho e para o botão das calças até estas caírem a seus pés. E as mãos dele procuraram-na por baixo do vestidinho de alças, curto, que trazia e viu-a toda de olhos fechados e ela deixou-se ver enquanto o consumia, até que decidiu oferecer-lhe um outro tipo de beijo. Desceu pelo corpo dele até ficar ajoelhada à sua frente. Segurou-lhos com as mãos  e acariciou-os e beijou-os e percorreu depois o corpo do sexo dele com os lábios quentes e a língua queimando e quando lho tomou na boca, já ele estava enlouquecendo. Enlouquecido. E fazia movimentos de vai-e-vem muito lentos para que ele sentisse os seus lábios cercando-lhe o sexo, arrastando-se nele. Ele rendeu-se. Encostou-se para trás, à parede do provador, segurou-lhe as faces com as mãos e acompanhou-a nos movimentos como que lhe amparando a cabeça. Ela sentiu-o descontrolar-se, o corpo dele entrando em frémito e convulsão, o momento dos momentos aproximava-se e estava ele no auge do prazer, esperando a qualquer momento a explosão das explosões, quando ela o soltou, levantou-se e disse:
- Huuummm, quase perfeito!
- Espera, onde vais? Não vais interromper isto agora! Não me vais deixar aqui, assim!
- Vou, vou. Fica para a outra...
- Qual outra?
- A outra vez!

jpv

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